O assunto é polêmico e delicado. Mas não tem jeito, precisamos falar sobre isso.
Se você tem filhos, deve ter perdido uma dúzia (ou mais) de amigas. Se está grávida, prepare-se para ter sua vida social transformada para sempre.
Antes e durante a gestação, falava: “ai, não quero ser daquelas mães que só falam sobre os filhos, que só vivem para eles, etc”. Claro, paguei a língua. Fiz até um blog sobre maternidade, vejam só…
Minhas amigas – casadas e solteiras – vibraram com a notícia da chegada de um bebê, elas me mimaram intensamente durante os 9 meses, vieram visitar a gente, trouxeram presentes e… De repente, eu me vi monotemática, sem muito o que conversar, a não ser os feitos da Filipa. Exatamente como eu não queria ser.
Confesso que, toda vez que vejo uma amiga postando foto de balada ou trocando o status de relacionamento no Facebook sem ter me contado nada antes, morro um pouquinho por dentro.
O afastamento é inevitável, especialmente pra pessoas que estão em fases da vida diferentes da sua. Tem aquela amiga que vive mudando de emprego, a que ainda está na faculdade, aquela que até casou mas não quer saber de criança, a que mora em outro país, a que está planejando o casamento, ex-colegas de trabalho que vivem na loucura de plantões e horas extras… Nenhuma delas agora parece ser a pessoa certa pra perguntar da melhor marca de fralda, pra reclamar da flacidez na barriga ou pra desabafar sobre a busca inglória por uma escola boa com preço honesto.
Em menos de 1 ano, acabou o assunto com aquela pessoa com quem você tinha tanto pra conversar, fosse na mesa do bar ou no GTalk. Isso é natural.
Resta a nós, mães, encontrar nosso novo lugar no mundo.
A partir do segundo mês da Filipa, comecei a frequentar lugares e grupos de mães na minha cidade. Porque, vamos combinar, só mãe aguenta outras mães. Foi libertador.
Consegui fazer novas amigas na mesma situação que eu e compartilhar com elas as experiências da maternidade.
Algumas dicas de onde encontrar outras mães:
– Sesc, Sesi e outros clubes com atividades infantis
– playgrounds e parques
– CineMaterna (se tiver na sua cidade)
– grupos de caminhada, como o Foca na Balança
– aulas específicas para mães, como materdança, baby yoga e outras
– comunidades de mães da sua cidade/região no Facebook. Ex: Mães da Baixada Santista, Mamães de Santos, etc.
Também me surpreendi, porque retomei contato com pessoas que conhecia há tempos e hoje são grandes amigas justamente por frequentarem os mesmos grupos de mães que eu.
No fim das contas, as amizades que realmente duram mais do que um verão com certeza superam o primeiro ano de vida do seu bebê. Quando as coisas se acalmarem e você estiver mais acostumada com o cotidiano dele (e ele for para a escola), pode ser uma boa hora para retomar o contato com a civilização.
Enquanto isso, assista o filme Solteiros com Filhos (Friends With Kids) e depois me conte o que achou.